A expressão trama verde-azul busca traduzir a conexão dos espaços em um contexto metropolitano, valorizando a diversidade e contribuindo para a melhoria da qualidade ambiental. Constitui uma rede de nascentes, corpos d’água, áreas de preservação e outras áreas de relevante interesse ambiental que já existem ou são propostas, interligadas segundo princípios de conectividade, incorporando também eixos viários, equipamentos de uso coletivo, espaços livres de uso público, parques urbanos, áreas vazias e áreas degradadas potencialmente passíveis de recuperação, revegetação ou tratamento paisagístico.
Estas áreas reforçam a identidade cultural no território e, ao promover o acesso à natureza, criam oportunidades para o lazer, o turismo e para a convivência social. Esta conjunção entre água e natureza abundante também protege áreas de produção agrícola e complexos ambientais culturais de interesse metropolitano.
Há décadas a capital costarriquenha, San José, tem trabalhado em ações climáticas. Uma série de ações para repovoar a cidade com diferentes espécies foram incorporadas ao planejamento institucional e sua trama verde-azul foi, assim, sendo fortalecida. Foram estabelecidos projetos de planejamento, recuperação, projeto e construção em parques e áreas verdes, para que resultem em espaços amigáveis, seguros e funcionais.
“A proposta é converter a capital em uma cidade sustentável, verde, planejada e inclusiva” ressalta o prefeito Johnny Araya.
Com o Projeto de arborização urbana: parques, ruas e avenidas de administração municipal, a meta é plantar 2500 árvores por ano, com ao menos 25 espécies diferentes, adequadas às necessidades de cada espaço. A meta final é plantar 10 mil árvores em parques, áreas verdes e calçadas. Além disso, mais de 7 mil árvores devem ser plantadas como parte do processo de reabilitação ecológica em áreas de microbacias fluviais, segundo o Plano de Desenvolvimento Municipal (2017-2020).
Além de retomar o valor paisagístico e ambiental da cidade, através programas de plantação de espécies arbóreas, que a curto e médio prazo trarão beleza, cor e temperaturas mais amenas, o reflorestamento da cidade também amplia a interconexão dos corredores biológicos interurbanos, fortalecendo a saúde do meio ambiente.
As ameaças relacionadas aos corpos d´água também são uma realidade. Entre elas, se destacam as ameaças provocadas pela ação humana, tais como o desmatamento e a contaminação dos cursos de água; e as ameaças de origem hidro meteorológicas, como deslizamentos e inundações causadas pelos rios e valas e pela obstrução dos sistemas pluviais.
A dinâmica social e cultural da população e – suas necessidades econômicas – têm levado algumas áreas suscetíveis a inundações e deslizamentos a serem ocupadas por assentamentos informais ou precários. Nestes casos, o Município afirma que “trabalha para sensibilizar e treinar a população para minimizar os efeitos das cheias e salvaguardar a vida dos seus habitantes”.
Neste sentido, diversas frentes de trabalho têm sido encaradas. A cidade definiu metas para poder aumentar a capacidade adaptativa diante dos impactos que as mudanças climáticas apresentam. Assim, centenas de quilômetros de esgotos pluviais foram otimizados, as capacidades hidráulicas dos esgotos pluviais foram aumentadas e sistemas de retenção foram instalados para reduzir o escoamento superficial e, assim, conter as enchentes.
Também houve esforços para reduzir a parcela de resíduos sólidos destinados a aterros sanitários, para os quais foi montado um centro de coleta de materiais recuperáveis e definidas rotas para a coleta desses resíduos. Da mesma forma, buscou-se promover a compostagem de resíduos orgânicos e obter subprodutos ricos em nutrientes para alimentar também as árvores plantadas na cidade.
Com o trabalho de ampliação dos corredores biológicos interurbanos espera-se conectar as áreas ribeirinhas com mais áreas verdes dentro do cantão e adicionar outras áreas para o uso de bicicletas, áreas de pedestre e conexão com pontos de transporte público.