O cotidiano moderno é fundado nas cidades, onde habita hoje 55% da população mundial, número que deve chegar a 70% em 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas. Nela se reúnem os espaços de produção, de trabalho, de serviços essenciais e de lazer. Nesse cenário, a mobilidade urbana é um elemento imprescindível para a vitalidade econômica das cidades, a justiça social e a qualidade de vida dos cidadãos. Além disso, é um excelente termômetro para medir a eficiência das cidades modernas.
Cidades que investem para facilitar o deslocamento dos cidadãos contribuem diretamente para a redução das emissões de CO2, quando reduzem o tráfego de automóveis. Com isso, diminuem também a poluição do ar e sonora afetando diretamente a qualidade de vida de seus residentes. Além disso, a diminuição do tempo de deslocamento está diretamente associada à liberdade individual para usufruir da cidade.
Membro da maior coalização global de prefeitos e autoridades locais, o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia, Sorocaba é uma das cidades brasileiras que se destaca nas ações de mitigação que envolvem a mobilidade urbana. Respeitando a necessidade básica dos cidadãos de se locomover e visando facilitar o deslocamento de um ponto ao outro, a cidade, localizada na região metropolitana de São Paulo, tem investido de forma intensa no transporte público.
O primeiro destaque é para o transporte rápido de ônibus, conhecido como BRT. Trata-se de um sistema desenhado para melhorar o fluxo de passageiros, a qualidade do sistema de transporte e remover as causas típicas de atraso. O sistema combina a capacidade, velocidade, flexibilidade, simplicidade e baixo custo em um sistema de linhas de ônibus.
Em agosto de 2020 entrou em operação o eixo norte-sul do BRT (Bus Rapid Transport, em inglês), que ao longo dos anos deve promover o desenvolvimento sustentável do município, com eficiência energética e reduzindo significativamente a emissão de poluentes e gases de efeito estufa, na medida que incentiva a utilização do transporte público na cidade. Segundo estimativa da administração, o sistema de BRT poderá evitar a emissão de 101.750 toneladas de dióxido de carbono (CO²) ao ano.
Todo o sistema BRT possui placas fotovoltaicas de energia solar, que são responsáveis por abastecer de energia limpa as unidades administrativas e operacionais, instalações e estruturas fixas, como os terminais de embarque e desembarque e pontos de parada. “Com isso, Sorocaba torna-se pioneira no segmento de transportes de ônibus ao investir 100% no uso de energia fotovoltaica como fonte alimentadora”, destaca a prefeita Jaqueline Coutinho. Pensando um sistema de transporte inteiramente sustentável, o BRT também contará com o sistema de reuso de água da chuva nos terminais Vitória Régia, São Bento e Nova Manchester, além de estações com conforto térmico; iluminação em LED; além de todos os ônibus terem redutor de ruídos e poluentes.
“Acreditamos que com um sistema de transporte urbano eficiente como o BRT Sorocaba, a população se beneficia com viagens de ônibus mais rápidas, previsíveis e confortáveis, o que favorece o aumento do número de passageiros. Por consequência, se mais pessoas utilizam o transporte coletivo, há uma redução de carros nas ruas”, destacou a administração.
Solução em duas rodas
A teia da mobilidade é enriquecida ainda pela ampla rede de ciclovias da qual dispõe Sorocaba. São 127 quilômetros de ciclovia que cortam a cidade de Leste a Oeste e de Norte a Sul, com predominância na Zona Norte. Do total, 118 quilômetros são de ciclovias segregadas e 9 quilômetros de faixas exclusivas compartilhadas com ônibus.
O plano cicloviário da cidade começou a ser implementado em 2006 com o Programa Pedala Sorocaba e o investimento da cidade em ciclovias é considerado como um investimento na qualidade de vida do cidadão, uma vez que torna menor o tempo de transporte entre a residência e o trabalho.
Além disso, ciclovia também se converte em um espaço de lazer e de atividades físicas, onde o sorocabano pode cuidar da sua saúde.
Desafios pós-pandemia
Para o governo sorocabano, engajar toda a sociedade para agir em prol do clima, como uma incumbência compartilhada entre governo, empresas, sociedade civil e organizações, despertando um olhar crítico sobre como atuar para mitigar os efeitos das mudanças climáticas é o maior desafio. “Pequenas atitudes podem gerar impactos positivos e os setores econômicos de toda a região devem repensar seus modelos e estratégias”, destacou Jaqueline Coutinho.
Depoimento da prefeita Jaqueline Coutinho
Confira o depoimento da prefeita Jaqueline Coutinho, no qual ela detalha os avanços obtidos na cidade e os benefícios da participação no Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia.