O Pacto Global de Prefeitos atua sobre dois pilares centrais: mitigar os efeitos das mudanças climáticas e se adaptar a essas mudanças. As ações são realizadas por governos locais em todo o mundo. Na América Latina, existem mais de 500 cidades voluntariamente comprometidas com o enfrentamento da crise climática.
No dia 24 de março, durante a segunda sessão do evento “Recuperação Verde na América Latina”, foram apresentados casos de sucesso em cidades consideradas verdes e saudáveis da América Latina.
La Union, Costa Rica
O primeiro vem do Cantão La Unión, na Costa Rica. O prefeito Cristian Torres e a chefe da Unidade de Meio Ambiente, Katherine Quirós, falaram sobre o assunto.
La Unión tem trabalhado com base em seu “Plano de Ação Cantonal para Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas”. Entre as ações que estão sendo realizadas, destaca-se o gerenciamento de resíduos orgânicos por meio da compostagem, atuando em conjunto com centros educacionais, feiras de produtores, em âmbito domiciliar e comunitário, além de parques municipais. A segurança alimentar é outra iniciativa do Cantão. O projeto de hortas urbanas ou comunitárias, instaladas em parques e centros educacionais, colabora para a alimentação saudável dos alunos e da população local.
A proteção do sistema de água também é uma preocupação. A gestão de efluentes tem buscado solucionar o problema de contaminação do sistema hídrico com a instalação de bioplanadores, que atuam como filtro natural, e evitam que impurezas cheguem aos rios. Do ponto de vista da gestão da bacias hidrográficas, La Unión considera que os recursos hídricos não podem ser considerados apenas nos limites territoriais do Cantão, mas em todo o ambiente que o rodeia. Nesse sentido, também foram desenvolvidas políticas de proteção às nascentes.
Com o projeto piloto “Fog Trap Systems” (sistemas de armadilha de nevoeiro, em inglês), a névoa dos pontos mais altos de La Unión é capturada por meio de malhas e o líquido obtido é armazenado. Segundo Katherine, a experiência “tem permitido que seja valorizada como uma ação alternativa para reduzir a pressão sobre os mananciais”, uma vez que a água armazenada é posteriormente distribuída para os produtores locais.
Santiago del Chile, Chile
A mobilidade sustentável foi o tema da apresentação em Santiago do Chile. A Vice-Diretora de Meio Ambiente, Isabel Aguilera, destacou a existência de um forte trabalho em rede e colaboração, com foco na educação ambiental para os cidadãos.
“Entendemos que o conceito de mobilidade sustentável está inserido num quadro de boas práticas ambientais. Dentro deste conceito, Santiago tem sido altamente reconhecido a nível internacional pelo seu forte investimento na eletromobilidade”, destacou Isabel Aguilera.
O ambicioso plano de mobilidade de Santiago do Chile valoriza o pedestre e valoriza principalmente os meios alternativos de mobilidade. Nesse sentido, o pedestre conta com a incorporação da arte e da arquitetura para gerar uma experiência positiva de caminhar pela cidade.
Em termos de eletromobilidade, a capital chilena teve um forte impulso com os ônibus que circulam pela região metropolitana. Todas as redes de transporte público, o metrô e as ciclovias são o centro nevrálgico da cidade. No ano passado foram 120 quilômetros de intervenções que beneficiaram a mobilidade, o que significou, por exemplo, um aumento da ciclovia e sua integração à rede metropolitana e uma redução substancial de estacionamentos, para desestimular o uso de veículos.
Serra Talhada, Brasil
O município de Serra Talhada, no Brasil, foi representado pela prefeita Márcia Conrado, que apresentou os avanços na transição energética, recuperação verde e coleta seletiva.
A prefeita destacou os objetivos do município para 2021, entre os quais a criação de uma Unidade de Conservação Municipal da Serra Talhada, que leva o mesmo nome da cidade, o estabelecimento de fontes de energia solar para servir espaços e edifícios públicos e a elaboração do Plano de Ação Climática do município. Se deseja saber mais sobre o esforço de Serra Talhada em relação à transição energética, leia a reportagem Energia para a mudança: Serra Talhada une-se à luta global contra as alterações climáticas
Maggiolo, Argentina
A segurança alimentar é a experiência do município de Maggiolo, na Argentina. O prefeito Luis Ángel Valerio apresentou o projeto “Maggiolo Saudável”, que incentiva a boa alimentação dos cidadãos.
A origem do projeto foi a grave crise provocada pelas enchentes que afetaram o município em 2015, 2016 e 2017. Esses episódios resultaram em problemas sociais, de saúde e econômicos. A reflexão sobre os problemas enfrentados buscou caminhos para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, envolvendo processos de escuta, participação cidadã, estratégias e projetos educacionais, relações intersetoriais e grupo de voluntários. Diante da situação, foi criada a rede “Maggiolo para a segurança alimentar”.
A rede opera em seis pontos básicos: legislação e portarias, ração e controle nutricional, recursos e infraestrutura para a produção, reuniões, oficinas e campanhas, e assessoria técnica e capacitação. “A primeira soberania é nos organizar em nossa terra para produzir nossa própria comida”, disse o prefeito Valerio em sua apresentação. Durante sua fala, ele reafirmou o interesse em continuar trabalhando em conjunto com os diversos atores da rede do Pacto para levar uma melhor qualidade de vida a todos os cidadãos da América Latina.
Medellín – Colômbia
Sobre qualidade do ar e saúde pública, falou a Secretária de Meio Ambiente de Medellín, Diana María Montoya. Ele explicou que os primeiros passos para o projeto “Pacto pela Qualidade do Ar” se basearam na identificação das fontes poluentes. Os automóveis são os principais geradores de poluentes atmosféricos (91%), enquanto as emissões industriais representam apenas 9% do total de emissões em Medellín.
O projeto teve início em 2018 e atualmente 150 entidades assumiram, individualmente, compromissos mensuráveis e verificáveis, com o objetivo de contribuir positivamente para a melhoria da qualidade do ar em Medellín e na região metropolitana. “Com o Pacto pela Qualidade do Ar, buscamos o apoio de atores públicos e privados por meio de estratégias que realmente visam a melhoria da qualidade do ar”, destacou Montoya.