Considerando as dificuldades enfrentadas pelos governos municipais diante da crise provocada pela covid-19 e a urgência de fortalecer a agenda climática, os membros da Coordenação Nacional do Pacto no Brasil, representados na oportunidade pela Rede de Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI América do Sul), pela Associação Brasileira de Municípios (ABM) e pelo Instituto Alziras, apresentaram durante a terceira sessão do Fórum Permanente de coordenadores do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia da América Latina e Caribe (GCoM LAC) o tema das “Perspectivas da agenda climática nos municípios após a crise da covid-19”. A sessão virtual foi realizada no dia 30 de julho.
O tema foi introduzido pelo gerente de Relações Institucionais do ICLEI, Rodrigo Corradi, que enfatizou o apoio que o ICLEI tem dado ao Pacto e aos prefeitos que o integram, especialmente no Brasil. Os governos locais têm sido auxiliados por ferramentas como o Radar Covid, webinars e atividades para a recuperação verde e sustentável das cidades, conforme destacou Corradi.
Contribuindo para a compreensão do tema a partir de uma perspectiva de gênero, a diretora do Instituto Alziras, Marina Barros, trouxe importantes dados sobre a governança exercida por mulheres e a vulnerabilidade dos municípios à covid-19. Ao todo, apenas 14% das cidades brasileiras são governadas por mulheres, sendo essencialmente municípios mais pobres e vulneráveis à doença. Além disso, 85% dos profissionais de saúde dos municípios são mulheres, mais expostas aos desafios da pandemia. Por isso, Marina defende que os novos passos em relação à superação da crise provocada pela doença devem contar com a liderança feminina, com a capacitação e com a participação das mulheres. Como forma de estimular esse cenário, o Instituto está capacitando mais de duas mil pré-candidatas a prefeitas.
Os desafios de pequenos e médios municípios, que são a maioria no Brasil, também foram abordados pelo diretor executivo da ABM, Eduardo Tadeu. Ele destacou a crise política que vem sendo vivenciada pelo Brasil desde 2015, agora agravada pela pandemia, que provocou queda de 30% do orçamento dos municípios. Eduardo ressaltou ainda que a ABM criou um observatório de políticas públicas com ênfase em boas práticas municipais vinculadas ao desenvolvimento sustentável (https://www.odsobservatorio.com.br/). A iniciativa espera envolver os atores em um processo que supere o momento eleitoral, além de fortalecer a capacidade da ABM em receber e apoiar os novos prefeitos e gestores. Para Eduardo, esta é uma oportunidade de enfatizar e destacar o papel dos governos locais sobre a agenda climática, uma vez que falta apoio do governo federal brasileiro.
Neste mesmo sentido, a Gerente de Biodiversidade e Mudanças Climáticas do ICLEI América do Sul, Sophia Picarelli, avaliou que este é um momento estratégico para o Pacto, no qual se vislumbra uma oportunidade de buscar novos e melhores caminhos.
O encontro serviu ainda como uma oportunidade de compartilhar ferramentas e documentos, bem como estimular sugestões, participação e cooperação de todos no trabalho que vem sendo desenvolvido junto ao Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia. Ao todo foram 26 participantes de 14 instituições, localizadas em sete países diferentes.