O Fórum de cidades intermediárias, organizado pela rede Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU) na cidade de Cuenca, Equador, em 20 de julho, sediou a sessão de diálogos sobre “Perspectiva de gênero nas mudanças climáticas”. O espaço proporcionou reflexões entre representantes mulheres do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia (GCoM), do ICLEI América do Sul e da ONU Mulheres, identificando soluções relevantes para a inserção de mulheres no planejamento e valorização dos planos de ação climática das cidades intermediárias.
A coordenadora do Helpdesk do Pacto Global de Prefeitos nas Américas, Valentina Falkenstein, representou o projeto e destacou as diversas iniciativas e incentivos para que as perspectivas de gênero sejam consideradas nos planos de ação climática das cidades, bem como dentro do próprio GCoM, iniciativa financiada pela União Europeia.
Entre os exemplos da transversalidade na perspectiva de gênero em ações do Pacto, Falkenstein destacou o novo Fórum de Prefeitos que está sendo constituído com base na equidade de gênero e apresentou os casos de sucesso dos planos de ação das cidades de Alberti e El Chocón na Argentina que contam com o apoio da RAMCC (Red Argentina de Municipios Frente al Cambio Climático) que já consideraram a perspectiva de gênero em suas ações climáticas.
“Se por um lado estamos longe ainda de alcançar a igualdade de gênero nas políticas públicas municipais , há pequenos passos a se comemorar. A inserção da transversalidade de gênero nas políticas e programas climáticos , igualdade salarial e mesmo número de participantes em espaços públicos devem ser direitos garantidos e estimulados pelos governos locais”, declarou Valentina.
Para avançar em direção à construção de um Plano Local de Ação Climática com perspectiva de gênero, deve-se reconhecer as mulheres como um grupo populacional vulnerável aos efeitos negativos das mudanças climáticas. Exemplo disso é o número de pessoas mortas no Tsunami da Indonésia em 2004. Segundo Alison Vásconez – Especialista de Programa em representação da ONU Mulheres, cerca de 77% dos mortos foram mulheres e crianças. “Devido a questões religiosas as mulheres são subjugadas apenas aos serviços domésticos, não podendo por exemplo sair de casa. Logo muitas delas não sabem nadar e assim ficam mais vulneráveis nessas grandes catástrofes”, exemplificou.
Sobre o Fórum de Cidades Intermediárias 2022
É amplamente conhecido que as cidades estão ganhando maior relevância no cenário internacional, não apenas porque são o lar de mais de 60% da população mundial, mas também porque se tornaram laboratórios onde ações estão sendo implementadas para enfrentar os principais desafios que a humanidade enfrenta hoje.
Um dos maiores, sem dúvida, é a luta contra a mudança climática e as graves consequências que ela está trazendo para as cidades e seus habitantes. Por isso, a cidade de Cuenca buscou com este segundo Fórum Continental de Cidades Intermediárias chamar a atenção para as ações bem-sucedidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas que nascem e são aplicadas em cidades intermediárias.
Entre os compromissos e prioridades de trabalho deste segundo Fórum, que está enquadrado na Agenda 2030, no Acordo de Paris e na Nova Agenda Urbana, estão o financiamento climático, perspectiva de gênero nas ações climáticas, o treinamento técnico para medir e reduzir a pegada de carbono nas cidades, assim como o reforço do papel das cidades intermediárias como atores essenciais para repensar o valor e as cadeias alimentares.
Em meio a uma pandemia cujas consequências desafiaram a ação climática, os governos locais são chamados a buscar soluções inovadoras, resilientes, inclusivas e de apoio. O evento está enquadrado dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de Ação Climática, Fome Zero e Cidades e Comunidades Sustentáveis.
Sobre Cuenca, a cidade sede
Cuenca, uma cidade latino-americana intermediária, faz parte do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia, tendo inclusive recebido medalhas de reconhecimento por suas ações em adaptação e mitigação às mudanças climáticas.
Ratificando seu compromisso com o clima, a cidade já sediou uma das Conferências Temáticas anteriores à Conferência Mundial Habitat III sobre “Cidades intermediárias: crescimento e renovação urbana”, cujos resultados foram utilizados diretamente para a construção da Nova Agenda Urbana. Além disso, Cuenca também teve uma importante participação nas conferências realizadas durante Habitat III em Quito, buscando fortalecer a voz das cidades intermediárias nesse processo.
Em 2018, Cuenca sediou o Fórum Continental de Cidades Intermediárias da (CGLU), onde foram abordadas questões macro: equidade de gênero, mobilidade urbana e participação cidadã. Neste espaço, foram discutidas as maiores dificuldades enfrentadas pelas cidades intermediárias da região e os mecanismos necessários para superá-las.